terça-feira, 19 de junho de 2012

Plástico: Modo de usar

Contribuição para matéria no jornal Folha de São Paulo

São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2012Equilibrio


Saiba como guardar alimentos sem o risco contaminá-los pelo contato com embalagens plásticas
JULIANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A batata do plástico está assando. Antes onipresente nas cozinhas, o material está perdendo espaço para o vidro, o aço inoxidável e a cerâmica depois de pesquisas mostrarem que substâncias do produto podem causar infertilidade masculina, puberdade precoce e até câncer de próstata.
"Hoje é quase impossível se livrar por completo do uso do plástico em contato com os alimentos, mas reduzir esse uso é altamente recomendável", afirma Fábio Gomes, nutricionista do Instituto Nacional do Câncer.
Em contato com a comida, o material sofre um desprendimento de moléculas, que migram para o alimento.
A vigilância sanitária estabelece normas de controle para a indústria, mas quem consome muito enlatado, por exemplo, acaba se expondo a quantidades maiores do que as recomendadas, segundo Elaine Costa, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
O interior das latas tem uma resina plástica que afasta a ferrugem. Para reduzir a ingestão de partículas do material, só diminuindo o consumo desses produtos.
Vasilhas de cozinha, filmes plásticos e garrafas de água também podem ser fontes de contaminação. "Não tem o menor sentido beber água engarrafada. Ela fica muito tempo exposta à embalagem", diz Gomes.

TIPOS DE PLÁSTICO
Uma das substâncias tóxicas mais conhecidas é o BPA (bisfenol A), utilizada na fabricação do plástico tipo policarbonato.
O BPA tem a estrutura química semelhante à do hormônio feminino estrógeno e, por isso, é acusado de causar puberdade precoce e infertilidade masculina. Desde janeiro, seu uso é proibido em mamadeiras no Brasil, mas não há proibição para outros produtos.
"O consumidor não costuma ser informado sobre o material da embalagem. Há tipos de plástico que sabidamente são prejudiciais, como o policarbonato, mas outros ainda são vistos como seguros, como o polietileno e o propileno", diz Costa.
Um truque para saber que tipo de material é usado é checar o símbolo de reciclagem que fica na embalagem. Se dentro do símbolo tiver o número sete, é provável que o material tenha bisfenol A.
"Mesmo os plásticos livres de BPA podem trazer problemas devido à presença da dioxina, substância tóxica formada quando o plástico é aquecido", afirma a nutricionista Santhi Karavias.
Para ela, é importante não esquentar o material: "Plástico não foi feito para ser aquecido nem para guardar alimentos quentes. A resina que o forma é líquida e, quando aquecida, muitas partículas se desprendem e contaminam a comida", diz.

OS SUBSTITUTOS
Materiais alternativos e principais cuidados na hora de armazenar comidaPAPEL
Alguns compostos do filme plástico são solúveis em gordura e podem contaminar os alimentos. Substitua-o por papel alumínio para sanduíches e saquinhos de papel para frutas
NOVOS
Lavagens sucessivas e aquecimento aumentam o nível de liberação de partículas do plástico na comida. Por isso, nada de usar vasilhas velhas, arranhadas, opacas e com marcas de talheres ou de queimadura
TAMPAS
Muitas vasilhas de vidro têm tampas de plástico. Elas podem ser usadas desde que não toquem a comida nem sejam aquecidas. Durante o aquecimento, o vapor com partículas soltas entra em contato com o alimento
REUTILIZE
Uma das grandes vantagens do plástico é o preço. Para fazer substituições sem gastar muito, reaproveite potes de geleia, latas de biscoito e porcelanas que antes eram usadas apenas para servir a comida




sexta-feira, 8 de junho de 2012

Adeus às toxinas



Matéria publicada na Revista Viva Saúde sobre Dieta Detoxificante

O estilo de vida moderno, alimentos com agrotóxicos e outras impurezas são os principais responsáveis pela intoxicação de nosso organismo. Descubra o que uma dieta detoxificante é capaz de fazer para o bom funcionamento da mente e do corpo.

Festas são um bom pretexto para abusos, e a maioria das pessoas come e bebe mais do que o usual. Mas nem tudo está perdido. É possível recuperar o bom funcionamento do organismo e das energias perdidas por meio de uma dieta detoxificante - ou desintoxicante, como também é conhecida. Não, essa não é mais uma dieta milagrosa que fará desaparecer seus quilos extras em uma semana! E nem é um regime à base de sopas e líquidos que vai fazer você passar fome e ir ao banheiro de cinco em cinco minutos. Trata-se de uma estratégia que combina algumas regras e hábitos alimentares que ajudam a limpar o corpo de todos os males que as toxinas dos alimentos, e mesmo do ambiente externo - como a poluição -, fazem para nosso corpo. Além de ajudar a recuperar o bem-estar depois dos dias de farra, a adoção dessa dieta pode levar a uma alimentação diária mais saudável.

Ficar em jejum não desintoxica o organismo e ainda causa uma baixa no metabolismo

A intenção da dieta detox é otimizar o funcionamento do organismo e eliminar toxinas adquiridas através de uma alimentação desequilibrada (cheia de agrotóxicos e industrializados), poluição ambiental, cigarros, entre outros. "Ela deve suprir as necessidades básicas do indivíduo e estar adequada em relação aos nutrientes. Lembrar que ficar em jejum não desintoxica o organismo e ainda prejudica qualquer processo de emagrecimento", alerta a nutricionista clínica Santhi Kucera Karavias, membro da Associação Paulista de Nutrição (SP).

Cada pessoa, um caso

"Qualquer indivíduo que apresente os sintomas de excesso de toxinas, como fadiga, dores musculares, dor de cabeça, azia, infecções urinárias repetidas, constipação, gripes frequentes, tonturas, depressão etc., pode iniciar a dieta de detoxificação", afirma Santhi. A cautela, é consultar um nutricionista, para que não hajam perdas de nutrientes essenciais, pois não existe, na verdade, uma lista geral com o passo a passo da dieta. Cada pessoa terá regras e restrições muito específicas, e, por isso, é medida fundamental procurar um especialista em nutrição.
Normalmente são restringidos alguns alimentos com potencial alergênico elevado, como leite e laticínios, soja e glúten e também aqueles que contêm grandes quantidades de aditivos químicos, como industrializados e embutidos (frios, salsicha, linguiça, defumados e conservas). Dá-se preferência às frutas, legumes e verduras de origem orgânica - as de cultivo comum apresentam elevada quantidade de agrotóxicos. Também existe restrição de carne vermelha na maioria dos casos.
"Essa dieta funciona de maneira rotativa de todos esses alimentos, variando de acordo com cada paciente. A reintrodução dos alimentos excluídos, principalmente os alergênicos, deve ser feita com cautela e sob supervisão, pois o organismo fica extremamente sensível", orienta Andreia Naves, nutricionista, diretora da VP Consultoria Nutricional (SP).

Os males das toxinas

Dietas desequilibradas, pobres em alimentos naturais e ricas em alimentos industrializados, bem como as gorduras, o açúcar, os agrotóxicos, os aditivos alimentares e metais pesados contribuem e muito para o aumento das toxinas no organismo.
Segundo a nutricionista Clarisse Zanette, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista em Nutrição Clínica e Metabólica, o excesso das toxinas pode causar alterações na aparência da língua e mau hálito, cabelo e pele sem viço, dores de cabeça, cansaço, envelhecimento precoce, excesso de peso, metabolismo lento, irritabilidade e mudança de humor, problemas digestivos (constipação, síndrome do intestino irritável, gases, inchaço na barriga e má digestão) e vista cansada. "Quando há este excesso de toxinas no organismo, boa parte de nossa energia passa a ser usada na tentativa de eliminação dessas substâncias", explica.

Como funciona

Antes de receitar uma dieta detox, o nutricionista faz análises através de exames bioquímicos, sinais, sintomas e histórico do paciente, para identificar as reais necessidades da dieta. Após essa análise, o profissional fará todas as orientações do programa e determinará quais devem ser as restrições e, também o tempo de duração da dieta.
"O que as pessoas devem ter consciência é que, quando realizada sem orientação capacitada, o resultado são diversos prejuízos ao organismo", alerta Andreia. Pessoas que estão sob tratamento farmacológico, como quimioterapia, radioterapia e em uso de imunossupressores, não podem fazer esse tipo de dieta. Nesses casos, ela pode levar à diminuição do efeito da medicação, causando problemas na eficiência do tratamento.

Dietas pobres em alimentos naturais e ricas em alimentos industrializados contribuem para o aumento das toxinas no organismo

Segundo a nutricionista Clarisse Zanette, a detoxificação geralmente é feita por 30 dias consecutivos, evitando o consumo de álcool, cigarro, cafeína, alimentos gordurosos, trigo, glúten, açúcar e laticínios. "Os alimentos que possuem maior potencial de detoxificação são aqueles ricos em vitaminas, minerais e fibras, preferencialmente orgânicos, ou seja, aqueles sem agrotóxicos", explica a especialista.
Também podem ser incluídos no grupo dos alimentos com capacidade de detoxificação o azeite extravirgem, chá-verde, raízes, arroz integral, castanha-do-Brasil e leguminosas. Em alguns casos, para que a dieta obtenha os efeitos desejados, é necessário utilizar suplementos de vitaminas e minerais, mas sempre com orientação de um nutricionista ou médico.

Exagerou? Faça a dieta detox do dia seguinte

Exagerou nos últimos dias? Adote a sugestão de cardápios detoxificantes por dois dias. Os alimentos aqui escolhidos eliminam as toxinas como o álcool e também as gorduras. Além de serem fáceis de fazer, são saborosos e nutritivos:

 1° dia

Café da Manhã:
Suco para desintoxicar:
Elimina os líquidos acumulados, protege o fígado contra os efeitos nocivos do álcool, e ainda ajuda a neutralizar os radicais livres, além de evitar o envelhecimento precoce. Bata no liquidificador:
●1 folha de repolho
●1 talo de aipo com as folhas
●1 copo de suco de melancia
●Use estévia para adoçar
Lanche da Manhã:
●1 fruta


Almoço:
● Arroz integral
● Feijão-branco
● Omelete de legumes (cenoura, vagem, abobrinha e chuchu)
● Salada de folhas mista com sementes de linhaça
● Sobremesa: 1 fruta

Lanche da tarde:
● Suco de uva tinto integral
● Mix de oleaginosas (nozes, castanha de caju e avelãs)

Jantar:
● Arroz integral
● Feijão
● Filé de Saint Peter grelhado com alcachofras
●  Salada de couve crua
● Sobremesa: 1 fruta

Ceia:
● Suco de frutas vermelhas


  2° dia

Café da manhã:
Suco detox para eliminar os líquidos acumulados.
Bata no liquidificador:
● Chá de cavalinha + 1 quiuí + 1 rodela de abacaxi + folhinhas de hortelã a gosto, adoçado com estévia

Lanche da manhã:
● 1 fruta

Almoço:
● Arroz integral
● Feijão-branco
● Filé de frango grelhado, com alho-poró
● Salada de rúcula
● Sobremesa: 1 fruta

Lanche da tarde:
● Damasco seco
● Barrinha de gergelim
● Água-de-coco

Jantar:
● Arroz integral
● Feijão
●Shitake e Shimeji (atenção: eles devem ser grelhados)
● Salada de alface americana com pedaços de manga e lascas de amêndoas

Ceia:
● Chá de abacaxi com gengibre


Consultoria (cardápio): Santhi Kucera KaraVias, nutricionista

Fuja das toxinas

Não existe classificação para os alimentos mais tóxicos, pois os efeitos variam para cada pessoa. Confira as dicas para incorporar hábitos mais saudáveis e evitar o acúmulo de toxinas:

● Não congele ou descongele alimentos em potes de plástico, utilize vidros e use papel celofane para enrolar os alimentos.
● Utilize utensílios de cozinha que não estejam oxidados.
● Evite usar desodorantes e protetores solares feitos com alumínio.
● Peça ao dentista para não usar mercúrio nas obturações.
● Beba apenas água filtrada. Isto também vale para cozinhar.
● Consuma clorofila (vegetais verdes, por exemplo) e selênio (presente na castanha-do-Brasil e aves) que neutralizam os metais pesados.
● Invista em um bom filtro de água, de preferência conectado à torneira.
● Consuma alimentos orgânicos.
● Evite alimentos com corantes ou essências artificiais.
● Cozinhe no final de semana e congele para comer nos outros dias.
● Diga não ao açúcar refinado e doces, e diminua o café e chá-preto.
● Evite usar o micro-ondas e consumir frituras.
E se os orgânicos não estiverem disponíveis?

● Descasque frutas e raspe os tubérculos e raízes.
● Lave as verduras abundantemente.
● Compre frutas de época.
● Evite alimentos contaminados por agrotóxicos.

O que evitar

● O primeiro passo da maioria das pessoas que querem emagrecer é passar a consumir alimentos lights ou diets, o que pode ser um erro crucial e até dificultar o emagrecimento. "Esses alimentos são cheios de componentes químicos e possuem baixo valor nutricional. Dessa forma, o organismo se intoxica cada vez mais e absorve cada vez menos nutrientes para se desintoxicar, o que cria uma maior resistência à perda de peso", explica Santhi.
● A carne vermelha e o frango podem conter antibióticos. O ideal é que esses alimentos sejam consumidos de maneira intercalada e moderada. Para combater as toxinas, é preferível fazer um cozido a um churrasco. Conservas, embutidos e enlatados, em geral, possuem maior quantidade de toxinas e sódio, devido a sua apresentação e forma de conservação. Por isso, melhor evitar.
● Os vegetais e legumes contaminam o organismo se há presença de agrotóxicos. Por isso, a melhor opção são os alimentos orgânicos - mas, se não for possível, prefira consumi-los a cortálos do cardápio. Escolher alimentos "de época" é uma alternativa para diminuir a quantidade de agrotóxico consumida.
● Como é de se imaginar, o melhor é evitar alimentos industrializados, bebidas alcoólicas, refrigerantes, agrotóxicos, preparações extremamente gordurosas, como frituras em imersão e incluir no cardápio alimentos como frutas, verduras e legumes (de preferência orgânicos), principalmente verduras folhosas verdes-escura, como couve, brócolis, rúcula e agrião, que contêm vitaminas, minerais e fitoquímicos que auxiliam o fígado na eliminação das toxinas que ficam acumuladas no organismo.
● "A hidratação adequada também é importante para promover a eliminação mais eficiente dos produtos biotransformados, ou seja, os compostos tóxicos solúveis em água," finaliza Santhi.

http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/104/adeus-as-toxinas-o-estilo-de-vida-moderno-alimentos-242724-1.asp